Queridos amigos, não venho falar de política e nem questionar as recomendações usuais de quarentena, máscaras e assepsia. Entretanto, peço que consideremos alguns detalhes pois:
*As pessoas se tornam mais sedentárias e obviamente a ganhar peso o que é cientificamente comprovado um prejuízo ao sistema imune. A obesidade, assim como o sedentarismo são dois fatores que influenciam a imunocompetência e a regulação do sistema imune. Reduzindo não só doenças transmissíveis como virais e bacterianas, mas como as não transmissíveis que são fator de risco para complicações com o COVID-19.
* Pessoas pegam menos sol, o que sabemos que a vitamina D tem efeito imunomodulador. Os níveis de Vitamina D séricos regulam o nível de proteínas antimicrobianas, sendo crucial ao controle de uma infeção.
* Tendem a causar mais cronodisrupção, ao não ver o sol pela manhã, sofrerem dessincronização do relógio biológico e portanto, tenderem a dormir e comer mais tarde, com mais cronodisrupção, sabemos que existem inúmeros prejuizos ao sistema imune, até mesmo a barreira gastrointestinal é mais perméavel a noite, o que vai fazer substâncias indesejadas passarem a barreira, irem parar no sangue e prejudicar a imunocompetência. O desenvolvimento de doenças inflamatórias, tais como syndrome metabólica e câncer é prevalente em indivíduos que continuamente causam disrupção dos seus relógios biológicos. O termo já foi ate nomeado cronoimunidade, já que sabemos que jejum intermitente (ou melhor chamado, comer de forma sã, como seres humanos comeram ao longo da história até um passado muito recente, que começamos a acreditar que é normal comer a noite e comer como ruminantes de 3 em 3 horas). Existem oscilações circadianas de fatores do sistema imune e até relógios biológicos em células do sistema imune. Luz elétrica, por melhor que seja a invenção, é algo recente o qual nossa fisiologia não é adaptada. Cronodisrupção leva a hiperativação do sistema imune, o que pode auxiliar inflamação crônica.
* Contato social é um fator cientificamente comprovado de auxiliar o fu, mais estresse e alteração no sistema imune, mais cortisol, mais comida calórica, mais efeitos no sistema imune
* Como estamos mais em casa, e temos um complexo sistema desenvolvido ao longo da evolução dos mamíferos, que é chamado cientificamente de sistema de recompensa, que secreta o hôrmonio do prazer em função do consumo de alimentos, quanto mais calórico, salgado, gorduroso e concentrado for o alimento maior é o estímulo e maior é o vício. Já viu alguem viciado por morangos? Nunca. Já viu um chocólatra? Todos os dias. Ratos de laboratório, assim como seres humanos, ao sofrerem de altos níveis de cortisol tendem a priorizar alimentos mais calóricos, e obviamente, menos nutritivos e mais pró-inflamatórios e mais oxidantes, o que obviamente não vai ser benéfico as comorbidades que andam lado a lado com o COVID-19, assim como causam disfunção do sistema imune.
* Defeitos do sistema imune são o centro do envelhecimento e de muitas doenças. Sabemos que jejum intermitente auxilia o sistema imune e principalmente jejum prolongado protege células hematopoiéticas da quimiotoxicidade. Ciclos de Jejum prolongado promove auto renovação de HSC (células tronco responsáveis pela hematopoiese) revertendo a imunosupressão. Essas descobertas ligam os reduzidos níveis de IGF1 devido ao jejum a sinalização da PKA e estabelecem um papel crucial em regular proteção das células tronco Hematopoetícas, auto renovação, regeneração e promovem resistência ao estresse.
* Pesquisa indicam que o simples ato de abraçar alguém tem um efeito de redução de estresse que reduz a susceptibilidade a doença. Participantes ao serem expostos a um virus que causa o resfriado comum, foram monitorados em quarentena para medir a infeção e sinais de doença. Apoio emocional protegia contra o aumento do risco de infeção. Mais abraços frequentes e apoio emocional levava a menores complicações infecciosas.
* E por ultimo, estresse crônico, pode enfraquecer o sistema imune. O medo gerado pela mídia e o estresse gerado pela quarentena prolongada obviamente aumenta o estresse, o que por sua vez, em pesquisas médicas científicas correlacionam o estresse crônico a maior suscpetibilidade a infecções virais, entre problemas com sono, depressão, ansiedade etc. E ainda aumenta os níveis de cortisol, que prejudica o funcionamento de células T que lutam contra infecções.
Em nenhum momento quero criticar os meios comuns de lutar contra o CORONAVIRUS. Mas quero levantar o questionamento que, mudanças de estilo de vida mais drásticas deveriam estar sendo recomendadas ao mesmo tempo que estamos de quarentena, não só para proteger os que já estão sendo infectados e sofrem com a doença, como os que não sofrerão. Estamos sofrendo uma crise global de saúde, não só devido a pandemia, mas pela falta de desinformação do público sobre o que é uma vida realmente saudável e falta de incentivo governamental, para que alimentos saudáveis como frutas e vegetais sejam subdiziados, ao invés de excessos de proteína animal, comida industrializada e falta de apoios a campanhas de atividade física, sono adequado, banhos de sol, alimentos orgânicos, entre outros fatores benéficos a todos nós. Os parâmetros de contenção atual, se focam em paliar, tratar e suprimir o problema, ao invés de ir na causa do problema. Uma zoonose deve ser enfretanda, pela redução drástica ou pelo corte no consumo de proteína animal. Dieta e estilo de vida tem efeito comprovado em reduzir a incidência de doenças crônicas e também em ser os verdadeiros responsáveis pela imunocompetência ao longo da vida e evitar a disfunção do sistema imune que vemos em pacientes doentes ou idosos, as pessoas que tem sofrido as complicações mais severas ou vindo a óbito de COVID-19, ou provavelmente de qualquer futura epidemia e pandemia que pode nos assolar. Sugiro apenas focarmos em viver de forma mais saudável, não acreditar que só máscaras e quarentena devem ser o foco, mas sim de educar a população em prol de entender que saúde vem apenas da vida saudável e nada mais.
Eduardo Corassa, Nutricionista clínico
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