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sábado, 24 de maio de 2014

Crudivorismo aumentando seu desempenho nos esportes - Entrevista Thiago Antunes, professor de Tennis

Eduardo Corassa, do site Saúde Frugal, entrevista Thiago Antunes, professor e jogador de Tennis, que relata sua experiência e perspectiva após testar uma dieta baseada em frutas e vegetais por alguns meses. Thiago vivenciou melhorias em sua saúde e em sua performance nas quadras.




http://youtu.be/QsM-rN9QMww

Depoimento de Thiago em relação a dieta frugívora:

Outro dia fiz um comentário a respeito dos meus hábitos alimentares, e algumas pessoas ficaram curiosas. Sou vegetariano há três anos. E desde que me decidi por esta mudança, venho estudando nutrição humana para poder entender e escolher melhor aquilo que uso como alimento. No início deste ano resolvi me aprofundar um pouco mais neste caminho, e comecei a seguir uma dieta vegana. E estudando o veganismo encontrei a dieta que venho praticando nos últimos três meses: o crudismo vegano, que consiste, basicamente, em me alimentar de frutas, verduras, castanhas e sementes cruas. Minha intenção, hoje, não é escrever sobre a dieta em si. Há muito o que falar a este respeito, mas fica para uma outra oportunidade. Alguns dias atrás, dois amigos conversavam comigo a respeito da minha alimentação, e eles estavam preocupados com duas coisas: diziam que sou muito radical e que estou abdicando de alguns prazeres da vida. Como tenho feito ultimamente, não quis explicar em detalhes os meus motivos, mas fiquei com os dois assuntos na cabeça: ser radical e abrir mão de prazeres.

Quando resolvo fazer alguma coisa, tenho o costume de me jogar de cabeça. Fico obcecado pelo assunto: compro livros, pesquiso na internet, assisto vídeos, entro em contato com pessoas relacionadas ao tema. Faço isso de forma espontânea; por algum motivo aquele tema desperta e concentra minha atenção. E minha curiosidade e vontade de aprender são tão grandes que meus dias acabam girando em torno do assunto por certo tempo.

Acontece que nem todo mundo tem esta mesma disposição e curiosidade. E o que me parece ser o maior impedimento para este mergulho de cabeça é a renúncia que o ato exige: se aprofundar em determinado assunto normalmente pressupõe o abandono, ao menos temporário, de algum outro. E esta mudança de hábito muitas vezes assusta e intimida.
Aí então ocorre a negociação da parte que quer experimentar com a parte que quer deixar tudo como está. E o resultado, na maior parte das vezes, é a pessoa não viver na pele e sentir de verdade os efeitos que uma mudança de fato proporcionaria; uma leve sombra do que poderia ser um novo e vasto mundo. Uma gota na superfície de uma imensidão oceânica. Sem "radicalismos".

Neste caso específico da minha dieta, passei quase dois meses estudando o crudismo vegano. Quando a teoria fez sentido para mim, e me sentia preparado e curioso para experimentar tudo o que havia lido, coloquei em prática o aprendizado teórico. Posso dizer que foi uma das maiores mudanças de hábito a que me submeti. E admito algumas vezes ter me sentido tentado a abrir mão da disciplina que a nova prática exigia, principalmente nas primeiras semanas, pelo conforto de um hábito antigo. Mas me mantive firme, por dois motivos essenciais: estava gostando da experiência e sentia que a prática estava me fazendo bem. E aos poucos comecei a notar mudanças que iam me deixando profundamente admirado: mudanças no meu corpo e em seu funcionamento; mudanças no meu desempenho no tênis e na minha recuperação após treinos e jogos; mudanças na minha energia e disponibilidade para assuntos diversos; mudanças emocionais e de percepção. Coisas que certamente eu não teria experimentado se não tivesse feito uma mudança “radical”. 

O uso da palavra radical está ligado às coisas que vêm da raiz; a base que sustenta um organismo. O fundamento. A origem. Eu digo que radical é aquilo que é feito de verdade; feito pra valer. Muitos usam a palavra radical para designar negativamente aquilo que não admite exceções, e normalmente não concordo quando escuto tal referência.

Então, ao comentário dos meus amigos, eu respondo: sou radical sim! E acho que todos deveriam ser! Experimentar de fato uma mudança abre portas para um novo mundo. E nenhuma mudança precisa ser eterna. Acho que toda mudança deve ser observada; sempre podemos abrir mão, posteriormente, do que quer que seja. E mudaremos de novo. E mais uma vez. E quantas vezes quisermos.

E à preocupação de que estou abrindo mão de alguns prazeres, eu os tranquilizo: os prazeres que meu novo hábito me proporcionam são muito mais intensos, duradouros e saudáveis que aqueles prazeres fugazes, insaciáveis, carregados de efeitos colaterais e adversos, que tanto desgosto e danos causam àqueles que os perseguem.