JEJUM INTERMITENTE - A FORMÚLA DO EMAGRECIMENTO?
“A perda do apetite é o sinal da doença e a indicação da natureza de sua forma de cura. Ela demonstra ao organismo, seu próprio e único remédio. Seu único remédio é a abstinência.” Dr. Herbert Shelton, o maior especialista em jejuns da história.
Como você provavelmente já ouviu o termo, jejum intermitente, um milhão de vezes, pode notar que ele está na moda. Mas porque? E o que é realmente jejum intermitente você sabe?
Jejum, vem do latin de abster-se de algo. Quando falamos que estamos em jejum, geralmente falamos que estamos nos abstendo de todo tipo de alimento, a não ser água. O jejum, apesar de ser algo contemporâneo a vida, o que todos organismos praticam ao longo da história de evolução, desde fungos, até drosofilias (mosquinhas de frutas), até ratos, ursos e nossos mais próximos parentes, primatas não humanos. Ou seja, o processo de limpeza celular que o jejum promove, o qual é chamado cientificamente de autofagia, é um mecanismo evolutivo, desde o início da vida na terra, nos organismos mais simples até os mais complexos, até mesmo plantas tem seus períodos de jejum.
Portanto, o jejum é algo pré-histórico de milhões de anos e praticado por todos animais, quando doentes, ou quando forçados a escassez de alimentos, como um mecanismo de proteção, uma forma de redirecionar o trabalho do organismo do processo de digestão para o processo de reparo.
Há 2500 anos, desde Hipócrates, médico grego, considerado o pai da medicina ocidental, o jejum já era visto como algo benéfico a saúde, mas ainda não tinhamos dados científicos do porque. Parafraseando Hipócrates: “Todos temos um médico dentro de nós; devemos apenas auxiliá-lo em seu trabalho. O poder natural de regeneração interno é a maior força que temos para retornar à saúde. A nossa alimentação deve ser o nosso medicamento. O nosso medicamento deve ser a nossa alimentação. Porém, comer quando se está doente, é alimentar a doença”
Temos inúmeros outros grandes nomes da história humana, exaltando os benefícios do jejum como, Platão que sugeria: “Eu jejuo para uma maior eficiência física e mental” Platão, famoso filósofo grego e um dos fundadores da filosofia ocidental. Mais recentemente, na idade média, Paracelsus, o famoso médico suíço, declarou que “Jejuar é o maior remédio, o médico que vem de dentro”. E mais recentemente, o líder espiritual, Mahatma Gandhi “Toda vitalidade e energia que tenho vem a mim porque meu corpo é purificado pelo jejum”.
Em 2016, Yoshinori Ohsumi, ganhou o prêmio nobel de medicina por mostrar os mecanismos da autofagia, que vêm do grego e significa, comer a si mesmo, o processo de reciclagem e limpeza celular, que promove os inúmeros benefícios que são relatados por todos que já praticaram o jejum.
Mas, quais são as formas de jejum então? Existem inúmeros “jejuns”, como jejum de sucos, que não é na verdade um jejum mas uma dieta líquida. Existe o jejum de água, que é beber apenas água por um dia ou mais, o jejum intermitente, que consiste em ficar longos períodos do dia sem comer, ao invés de beliscar algo de duas em duas horas, a idéia seria ficar por exemplo 5, 6 ou mais horas entre cada refeição. Existem outras formas também como o chamado FMD (Fasting mimicking diet, criado pelo biológo e um dos principais cientistas de jejum, o Valter Longo) ou o 5 x 2, popularizado pelo médico britânico Michael Mosley, após o documentário da BBC “Eat, fast and live longer” que teve o médico como apresentador e a publicação do seu livro “Fast diet - a dieta do jejum”, que consiste em 5 dias na semana comer a dieta padrão e 2 dias por semana reduzir a ingestão calórica em até 75%. Ou o “alternate day fasting - dias alternados de jejum” aonde a pessoa come normalmente em um dia e jejua o outro completo, mas isso é mais usado em pesquisas de laboratório e não seriam praticos e viáveis no dia a dia. De qualquer forma, seja o JI (jejum intermitente) ou qualquer outra forma de jejum, é essencial acompanhamento médico e nutricional, seja para a mudança de dieta ou estilo de vida que for, devemos ter acompanhamento. Ou ainda existe também a restrição calórica (RC), que consiste em reduzir em 20 a 30% do total de ingestão calórica, mas com boa nutrição.
Uma idéia boa do jejum intermitente é o que chamamos de 16 x 8 ou o que eu faço, que seria 18 x 6. Ou seja, a pessoa fica 16 horas em jejum e com apenas durante uma janela de oito horas por dia. Mas então porque fazer o Jejum intermitente?
Vendo pelo lado teórico, lógico, podemos perceber que apenas ruminantes comem o dia todo. Animais carnívoros só comem no máximo uma vez ao dia e os primatas antropóides (lembrando que seres humanos são classificados na biologia como primatas antropóides, pois compartilhamos 99% do nosso material genético com o chimpanzé, gorila e o bonobo), comem em média apenas duas vezes ao dia. A palavra café da manhã em frânces foi inventada apenas há 200 anos (petit déjenuer), pois os relatos da grécia antiga e da idade média, é que só se faziam duas refeições, como a citação de Sócrates: “ Civilizações que comem mais de duas vezes ao dia são bárbaros”.
Pensando em nosso habitat natural, não tem comida disponível, o tempo toda, já cozida, temperada e empacotada esperando ser consumida. Alimentos frescos, são ricos em água e altamente perecíveis, portanto ao acordar, não teríamos o café da manhã já servido. Precisaríamos, nadar, escalar, andar, lutar contra predadores, ser muito ativo fisicamente prévio a cada refeição. E como não teria como estocar comida, os períodos de refeição a cada dia seriam bem espaçados e sem geladeiras ou grãos secos e panelas para cozinhar, a escassez de alimentos iria ocorrer periodicamente, levando o organismo a utilizar sua gordura previamente armazenada para se manter por curtos períodos de tempo.
Mas e a parte científica? O JI, jejum de água ou RC tem dados científicos comprovações? Que se é para privar-se de comida por muitas horas, é bom que tenham benefícios correto? (Alguns dados ainda são apenas comprovados em animais não humanos).
Perda de peso, gordura corporal e melhora em problemas metabólicos correlacionadas a obesidade e sobrepeso.
Benefícios cognitivos por várias razões, principalmente pela produção de BDNF (Brain derived Neurothropic Factor - Fator neurotrófico derivado do cérebro - proteína produzida no intestino que estimula a neurogênese, produção de novos neurônios)
Redução de biomarcadores correlacionados a cânceres, doença cardiovascular, diabetes e doenças neurocognitivas (proteção contra essas doenças), tais como IGF-1, insulinemia, glicemia, colesterol entre outros.
Regeneração múltipla dos sistemas, como o Dr. Valter Longo provou em uma pesquisa recente, todos os sistemas começam a ser regenerados e rejuvenescidos, induzido até mesmo regeneração de células beta-pancreáticas (que secretam insulina), células tronco e renovação das células do sistema imune, um melhor equilíbrio de células linfoídes para mielóides (L/M ratio), similar a um organismo mais jovem.
Redução da inflamação e estresse oxidativo
Aumento do tempo de vida e menor propensão a doenças
Entre muitos outros que são relatados por praticantes, como maior calma, concentração e espiritualidade.
“Se restringirmos as calorias que um animal pode comer, por alimentá-lo com menos do que ele necessita ou com jejuns periódicos, nós conseguimos prolongar seu tempo de vida significantemente. Na verdade, animais que jejuam periodicamente podem até mesmo dobrar seu tempo de vida” Dr. Edward J. Masoro PhD, Fisiólogo.
“Em praticam a RC promove a desaceleração do envelhecimento, prolonga a juventude e atrasa o aparecimento de doenças relacionadas à velhice. Jejum e RC são na verdade, a única forma cientificamente compravada de prolongar o tempo de vida 26. Em experimentos de laboratório, alguns animais chegam a mostrar 400% de aumento em seu tempo de vida. Inúmeras evidências na literatura científica demonstram que ratos com ingestão calórica reduzida em um terço, viviam em torno de 30% a mais do que quando eram alimentados “ad libitum”. Isso é, chegam a viver quarenta meses a mais, o que equivaleria a cem ou mais anos para humanos.
De acordo com o Dr. Shelton, mosquitos forçados a jejuar em laboratório, os quais têm um tempo de vida curto de apenas dois dias quando permitidos a comer “ad libitum”, chegam a viver até mesmo mais de quarenta dias. Um dos principais pesquisadores no processo de senescência em animais, o professor C. M. Child da Universidade de Chicago, em seu livro “Senescência e rejuvenescência”, alega que algumas espécies, com comida em abundância vivem apenas três ou quatro semanas. Mas quando o crescimento é impedido devido à falta de alimentos, elas podem continuar ativas e novas por pelo menos três anos”. Trecho do livro Jejum Higienista - A cirurgia da natureza de Eduardo Corassa.
“Eu jejuo para uma maior eficiência física e mental” Platão, filósofo grego e um dos fundadores da filosofia ocidental.
Em suma, jejum não é brincadeira e não deve ser praticado sem supervisão e recomendação médica, de preferência alguém que entenda também sobre o modelo de saúde que chamamos de Higienismo, do inglês, Natural Hygiene. Ou mais coloquialmente, a ciência da saúde. Mas, que temos dados científicos mais que suficientes para mostrar seus benéficos resultados e que não devemos temê-lo e sim usá-lo sabiamente, temos!
Temos uma playlist cheia de vídeos de depoimentos no youtube, um documentário no assunto e um livro publicado, com o que há de mais recente na literatura médica e na higienista. Educação é o primeiro passo para mudança. O segundo é acompanhamento profissional. Após 14 anos de prática, jejuns longos de água de 7 até 24 dias, estudos e até mesmo estágio em instituições de jejum higienista medicamente supervisionada, seu autor e nutricionista que vós escreve, alega com convicção que jejuar é uma dádiva da natureza, quando devidamente aplicado.
Sugestão estudos
Livro “O jejum Higienista - A cirurgia da Natureza” - Leia mais em nosso site www.saudefrugal.com.br (as 20 primeiras páginas do livro, trechos, sinopse etc).
Documentário - Jejum - A cirurgia da natureza gratuito em www.youtube.com/saudefrugal
Referências bibliográficas
Mark P Mattson; “Lifelong brain health is a lifelong challenge: from evolutionary principles to empirical evidence”. Ageing Res Rev 2015 Mar;20:37-45.
Mattson MP, Longo VD, Harvie M. Impact of intermittent fasting on health and disease processes. Ageing Res Rev. 2017;39:46-58. doi:10.1016/j.arr.2016.10.005
Eduardo Corassa; “Jejum Higienista - A cirurgia da Natureza”. Saúde Frugal 3 ed. 2019
Catterson JH, Khericha M, Dyson MC, et al. Short-Term, Intermittent Fasting Induces Long-Lasting Gut Health and TOR-Independent Lifespan Extension. Curr Biol. 2018;28(11):1714-1724.e4. doi:10.1016/j.cub.2018.04.015
Longo, Valter et al; “A Periodic Diet that Mimics Fasting Promotes Multi-System Regeneration, Enhanced Cognitive Performance, and Healthspan Cell Metabolism 22(1) · June 2015
Valter Longo; "Fasting-mimicking diet promotes Ngn3-driven β-cell regeneration to reverse diabetes". Cell. 2017 February 23; 168(5): 775–788.e12.
Goldhamer, Alan et al. “Medically supervised water-only fasting in the treatment of hypertension”Journal of Manipulative & Physiological Therapeutics, Volume 24, Issue 5, 335 - 339