Pessoas me perguntam sobre os agrotóxicos
nas frutas e vegetais com medo, entretanto, comem carne, queijo, leite e ovos e
comida cozida não orgânica. Vivem se expondo a toxinas ambientais através de
comida industrializada, cosméticos, produtos de limpeza, produtos
industrializados, vivendo em cidades grandes com queima de combustível fóssil,
bebendo, fumando e tendo vários outros maus hábitos. Soa um tanto quanto
absurdo, mas vamos lá, dar a opinião de um nutricionista que passou mais de uma
década lendo artigos médicos científicos e vivendo primariamente de frutas e
vegetais crus, em uma dieta crua, vegana, frugívora.
Primeiro devo enfatizar, sou
completamente contra o consumo de agrotóxicos e devemos lembra-los que eles só
são tão comuns e tão frequentes nos alimentos, devido a agropecuária querer
lucrar em cima da monocultura, que assim engorda o gado e assim fornece carne,
queijo, leite e ovos em quantidades abundantes a população ocidental que não só
morre por tal hábito nefasto, que é consumir pedaços de animais mortos,
secreções mamárias de um ruminante, menstruação de galinha não fertilizada,
vômito de abelha e secreções mamárias de outro mamífero com a água removida e “estragada”
por dias ou meses. Adoramos usar eufemismos e chamar de picanha, carninha,
leitinho, ovos de galinhas felizes saudáveis, “queijinho”, mel e bla bla bla,
sem usar as palavras reais do que estamos consumindo, apenas, por serem
queimados e temperados, ou seja, mascarados na linguagem, no sabor e aparência.
Voltando aos agrotóxicos, não devemos
nunca acreditar que pesticidas, rodenticidas, inseticidas, herbicidas,
fungicidas são naturais ou benéficos a saúde de qualquer coisa, seja da planta,
do animal, do ser humano ou do meio ambiente. A dioxina, um dos compostos
tóxicos nos agrotóxicos e também contida em todo tipo de substância
industrializada que usamos, como plástico, PVC etc. é comprovadamente neurotóxica,
cancerígena, mutagênica, reprotóxica, teratogênica, obesogênica e imunotóxica.
É um absurdo, viver em um mundo aonde o lucro do agronegócio e visado acima de
toda a vida na terra e o futuro das próximas gerações.
Porque sinceramente, eu tenho uma enorme
plantação em casa, e mesmo sem cuidar do solo e dela, só jogando as sementes
dos quilos e quilos de frutas e vegetais que como diariamente, as plantas
crescem e crescem demasiadamente, fornecendo muita comida de volta, sem a
necessidade alguma de agrotóxicos. A necessidade vem porque fazendeiros querem
plantar monoculturas, e só mesmo esterilizando o solo com estas toxinas, em
prol de plantar só um tipo de alimento no local. Caso contrário, a natureza
rejeita, matando as plantas através de pragas. Se na minha casa, que não e um
terreno fértil, e não sou agricultor cuidando do plantio, os alimentos crescem
muito, para que contaminar tudo que vive, solo, agua, ar, animais, plantas e
ser humano com esses venenos que nem sabemos os efeitos epigenéticos que as
próximas gerações irão sofrer.
De acordo com o CDC “Center for Disease Control and Prevention”,
subprodutos do DDT ainda são encontrado no sangue de americanos, mesmo tendo
sido banido na década de 1980 nos EUA. Um
estudo brasileiro recente descreve maior prevalência de má formação
genitais como micro pênis, criptoarquia e hipospadias em bebês masculinos do
interior da Paraíba, aos quais seus pais, mães e eles tiveram exposição
pré e perinatal ao DDT (agrotóxico banido nos EUA desde a década de 80) e
outros QDEs (Químicos disruptores endócrinos),
por trabalharem em plantações que utilizam agrotóxicos. Sugerindo ser a
contaminação fetal um fator de risco para malformações da
genitália externa masculina, em especial para a ocorrência de micro
pênis. A exposição aos QDEs foi associada a atraso puberal, níveis
subnormais de produção de testosterona, falta de receptores andrógenos,
redução do volume testicular e do comprimento do pênis em meninos.
Bom, poderia apresentar dezenas de
milhares de dados contra os agrotóxicos, mas vamos a parte prática, que as
pessoas realmente ficam demasiadamente confusas, por verem relatos no jornal da
contaminação do morango ou pimentão, sem entender que de acordo com as
pesquisas, 93% da contaminação de toxinas ambientais (incluindo agrotóxicos)
por um americano, vem de carne, queijo leite e ovos. Sim! Não vem do ar, não
vem do solo, da água e nem da comida vegetal, mas dos produtos de origem
animal.
Arnold Schecter et. al., Journal of Toxicology and
Environmental Health, Part A, 63:1–18
Legenda:
TEQ = Toxicidade Equivalente.
Schecter
A, Cramer P, Boggess K; et al. (2001). "Intake of dioxins and related
compounds from food in the U.S. population". J. Toxicol. Environ. Health
Part A 63 (1): 1–18.
Porque isso acontece? Os animais na atualidade consomem ração, produzida de
soja e outros grãos cheios de agrotóxicos, ainda são injetados com hormônios
sintéticos e antibióticos, levando a uma bioacumulação de todos os tipos de
POPs (Poluentes Orgânicos Persistentes). E caso você os consuma, biomagnificará
essas toxinas.
Mas não devo temer alimentos crus e comer
os cozidos? Ai eu me pergunto, desde quando o público come apenas alimentos
cozidos orgânicos? O feijão, arroz, abóbora, farinha de trigo e tudo que as
pessoas comem cozido, foi também, em quase todos os casos, pulverizado com
estes venenos. E o cozimento NÃO REMOVE agrotóxicos, apenas lembrando, pois
parece que as pessoas esquecem.
O cozimento não remove toxinas, mas
apenas adiciona compostos tóxicos, causa perda de nutrientes e ainda consumimos
alimentos que nunca entrariam no organismo humano, incapazes de serem
devidamente processados até mesmo em seu estado in natura, imagina após
queimados por 2 até 2 horas. As substâncias tóxicas nos agrotóxicos são lipofílicas e hidro fóbicas, assim se
grudam facilmente as células de gordura do animal mas não tão facilmente aos
alimentos vegetais frescos. Poderia passar falando inúmeros detalhes em relação
da importância do consumo de frutas e vegetais e da falácia que é evitá-los,
mas ainda comer comida cozida onívora. Portanto, Corte o consumo de produtos de
origem animal.
Cientistas
já há 2 décadas, desenvolveram o conceito do “fígado verde”, pois o metabolismo
dos xenobióticos nas plantas é similar a um fígado animal, sugerindo que
plantas são uma importante “pia global”, uma forma de filtrar e eliminar
toxinas ambientais e metais pesados. Este processo acabou sendo chamado de
fitorremediação, a “tecnologia” de colocar plantas em locais contaminados, para
elas literalmente “limparem” a contaminação, reduzindo a toxicidade e
“sequestrando” eles do meio ambiente. Não temos noção da importância de termos
plantas em casa e de comer plantas, a vista de cada nova descoberta científica
mostra a volta aos primórdios, uma dieta fresca, vegana, crua, integral e
outros fatores de estilo de vida a óbvia solução para nossa crise mundial de
saúde, ambiental e ética.
E essas
toxinas, através do processo de biomagnificação, que é o aumento da
concentração diária pela exposição e o aumento a cada subida na cadeia alimentar,
se tornam cada vez mais concentradas e, portanto, mais nocivas. Elas
bioacumulam (acumulam em seres vivos) e bio-magnifícam, aumentando sua
quantidade a cada vez que um animal, se expõe a elas, seja pelo ar, água ou
comendo seu alimento ou outro animal contaminado."
Poderia dar
inúmeros mais conceitos, dados científicos e detalhes sobre a questão, mas sabe
a principal mensagem? Coma suas frutas e vegetais, mesmo que convencionais,
elas possuíam importantes nutrientes benéficos e protetores do seu organismo.
Então quer
voltar a só ter alimentos orgânicos no mundo? Poder comer comida sem veneno de
grandes industrias farmacêuticas, que produzem essas substâncias só para o
lucro do cartel da alimentação animalizada? Para de comprar alimentos de origem
animal e até mesmo alimentos vindo de monoculturas, como os grãos, ou seus
produtos industrializados como o leite de soja por exemplo. Na verdade, você ao
comprar produtos industrializados oriundos dos grãos ou até mesmo os grãos da
monocultura, você auxilia o fazendeiro a escoar os restos da produção em nós
veganos, que visamos proteger os animais mas não entendemos que alimentos
veganos na atualidade, podem não ser tão veganos assim dentro do sistema
capitalista sórdido.
É engraçado
que hoje em dia temos que dar um nome especial para alimentos sem veneno.
Durante toda a história só existiu, alimento. Agora precisa ter diferenciação
de convencional para orgânico e o alimento sem veneno, é muito mais caro e mais
raro. A que ponto nós chegamos.
Sugiro assistir um vídeo de alguns anos atrás que fiz, que leva um pouco da mensagem:https://www.youtube.com/watch?v=r6X5WP93S2g
Referências bibliográficas
Vallack, H.W., Bakker, D.J., Brandt, I., Broström-Ludén, E., Brouwer, A., Bull, K.R., Gough, C., Guardans, R., Holoubek, I., Jansson, B., Koch, R., Kuylenstierna, J., Lecloux, A., Mackay, D., McCutcheon, P., Mocarelli, P., Taalman, R.D.F. (1998). Controlling persistent organic pollutants – what next? Environmental Toxicology and Pharmacology 6, 143–175.
Arnold Schecter et. al., Journal of Toxicology and
Environmental Health, Part A, 63:1–18
Eduardo Corassa; "O veganismo para mães, pais e bebês". Saúde Frugal, 2018 (A ser publicado)