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domingo, 5 de junho de 2016

Como me tornei Vegana - Blogveganana Lori Elis

Compartilhando a linda história da minha querida amiga e chef vegana Lori, do site de receitas Veganana! Imperdíveis receitas e imperdível história para te motivar a adotar uma dieta e um estilo de vida mais ético e saudável!

Conheci o veganismo em março de 2011 após um longo período com problemas sérios de saúde. Foi nessa ocasião que senti a necessidade de mudar a minha vida e adotar uma alimentação saudável. Após pesquisar e ler muito sobre alimentação e saúde, cheguei ao veganismo. Pensei que seria muito difícil seguir esse estilo de vida que, a princípio, me pareceu tão cheio de restrições. No entanto, à medida que me aprofundava no assunto, percebi que era mais simples do que eu imaginava. Nessa ocasião, estava muito aflita em relação à minha saúde e isso foi um dos motivos que me levou a buscar alternativas. Foi também lidando com meus problemas que  encontrei a força que precisava para fazer as mudanças necessárias. O primeiro passo foi a conscientização, depois as mudanças que vieram de maneira gradual. Hoje, posso dizer que essa é a melhor maneira de promover grandes mudanças na vida da gente: sempre respeitando os nossos limites.



Mudanças bruscas tendem a não ser duradouras e, sem conscientização e conhecimento profundo do que se está fazendo, a tendência é abandonar o projeto em curto prazo. Entendi que o veganismo seria o meu caminho e que precisava aprender a caminhar por essa nova estrada que estava surgindo na minha frente. Sei que no começo pode parecer impossível, é como se tivéssemos que atravessar uma imensa e pesada porta de ferro e passar para o outro lado. Quando consegui colocar o primeiro pé no outro lado da porta, tudo ficou mais simples e me dei conta de que não era tão difícil assim.

Lia freneticamente sobre o assunto e assisti a vários vídeos que também me ajudaram muito. Vi depoimentos de pessoas que se livraram de problemas seríssimos de saúde apenas mudando a alimentação e eliminando produtos de origem animal de suas dietas. Como sempre gostei de cozinhar, fiquei curiosa em relação ao novo estilo de alimentação sem nenhum produto de origem animal. Comecei a pesquisar alternativas e a testar receitas. A medida que mudava a minha alimentação, me sentia mais leve. Não apenas fisicamente, mas sentia uma leveza na alma que não conseguia explicar. Comecei a descobrir o prazer de cozinhar com consciência e a descobrir a maravilhosa culinária vegana.

As cores, os sabores diferentes me encantaram e eu fui testando, descobrindo e amando cada vez mais tudo o que experimentava. Não tive problemas em parar de comer carne vermelha porque na realidade nunca gostei muito. Sempre tive uma relação estranha com a carne, nunca gostei de manusear, de cozinhar, e detestava o gosto que sentia quando comia, me enojava. Perfeito para mim, um problema a menos. Parei definitivamente de comer carne vermelha e também abandonei os embutidos em geral. Continuei eliminando os alimentos de origem animal aos poucos, sendo que o frango foi o próximo a sair definitivamente da minha vida e, em seguida, o peixe. Ainda restavam os ovos e os laticínios. 

 Perfeito para mim, um problema a menos. Parei definitivamente de comer carne vermelha e também abandonei os embutidos em geral. Continuei eliminando os alimentos de origem animal aos poucos, e o próximo a sair definitivamente da minha vida foi o frango e em seguida o peixe. Ainda restavam os ovos e os laticínios.

Apesar de sempre ter tido problemas digestivos por causa do leite, eu adorava seus derivados: manteiga, iogurte e queijos em geral. Essa última parte foi a mais difícil para mim, mas não tive nenhum problema em deixar de consumir ovos. Nunca imaginei que pudesse substituir os laticínios, e achei que seria impossível viver sem eles. Depois de pesquisar, encontrei dicas de substituição e fiquei realmente impressionada. Descobri que poderia viver muito bem sem consumir laticínios. Pronto, finalmente eu estava com os dois pés no caminho vegano. Esse período de transição durou aproximadamente 3 meses. Não me cobrei, respeitei os meus limites e fui fazendo aquilo que podia, sem stress. O que me motivou mais do que tudo foi o fato de eu me sentir fisicamente muito bem com essas mudanças. Senti que minha energia aumentou muito, minha saúde melhorou consideravelmente e aqueles problemas de que eu tinha já não existiam mais.

Eu optei pela vida em todos os sentidos. Vi que só dependia de mim mudar aquilo que seria necessário para que o meu tormento de agenda cheia em consultórios médicos e laboratórios chegasse ao fim. Tudo aconteceu tão naturalmente, que quando me dei conta já estava livre de tudo isso. Não precisei mais ir à emergência de hospital e consultas médicas, somente para exames de rotina e check-up. Para a grande surpresa dos médicos que me tratavam quando eu estava doente, tudo melhorou na minha saúde. Eles foram unânimes em dizer...  ̶ “Seja lá o que for que estejas fazendo, continue, porque está dando resultado para a tua saúde”. Posso dizer que a minha primeira motivação para chegar ao veganismo foi a saúde. Mas tinha mais, muito mais por vir, e quanto mais eu aprofundava meu conhecimento sobre o veganismo, mais tinha certeza de que esse era um caminho sem volta. 

O documentário “Terraqueos” (Earthlings, no original em inglês)foi definitivo para consolidar a minha convicção dentro do veganismo e abrir os meus olhos para a terrível realidade do consumo de produtos de origem animal. Veja o vídeo abaixo.

Tentei assistir uma, duas, três vezes. Não conseguia passar da primeira parte. Me sentia muito mal, me dava um embrulho no estômago e eu parava e pensava: "não consigo, vou assistir outra hora". Até que um dia eu decidi que iria até o final. E fui... Chorei copiosamente, me senti tão mal ao ver tamanha crueldade contra os animais e me senti pior ainda, ao me dar conta de que eu sempre fiz parte disso, que nunca parei para pensar que não era correto, não era necessário, e que podemos viver muito bem sem sacrificar vidas para nos alimentar. Jamais vou esquecer que, em prantos, olhei para o alto e perguntei a Deus o por quê disso tudo, por que Deus permitia uma coisa destas .... e jurei para mim mesma que não faria mais parte desta barbárie. A partir daquele momento, em lagrimas, eu definitivamente me senti vegana. Se teve uma coisa que lamentei foi isso não ter acontecido antes. Mas entendi que não nasci vegana, que me tornei vegana. Foi como se os meus olhos se abrissem pela primeira vez, como se eu tivesse vivido na escuridão esses anos todos. Acredito que nada acontece por acaso e que tudo tem uma hora certa para acontecer. Aquela era a minha hora, eu estava pronta para seguir o meu caminho e descobrir mais sobre o que estava por vir.

Comecei então a preparar refeições veganas, pesquisar, buscar receitas e experimentar. Entrei em grupos veganos no Facebook, comecei a fotografar minhas comidas e a postar. Conheci pessoas que foram super importantes na minha caminhada. Criei um álbum para minhas comidas veganas onde postava as fotos e uma rápida descrição do que havia feito. Não tinha nenhuma experiência em editar receitas. Minha escrita era muito pobre nesse sentido. Mas, o que mais me surpreendeu, foi que as pessoas adoravam minhas receitas e fotos, mesmo não sendo perfeitas, com fotos muito amadoras e desfocadas, às vezes feitas com o celular. Fiquei nessa fase por mais de um ano; apenas fazendo receitas, armazenando fotos e compartilhando. Com o tempo, fui adquirindo experiência e comecei a melhorar a minha performance. Já fazia fotos com uma câmera melhor, embora as fotos ainda fossem muito amadoras, e já estava escrevendo as receitas com uma linguagem mais completa e fácil de entender. Em julho de 2012, já estava com mais de 100 receitas no meu álbum do Facebook e muito feliz por criar e inventar receitinhas novas, e dividi-las com as pessoas.

Em uma noite do mês de julho de 2012 tive uma conversa pelo chat do Facebook com a Angela, uma amiga muito querida que mora no Brasil. Ela conhecia muito o meu trabalho e já tinha testado várias receitas minhas. Ela começou a me dizer que eu deveria criar um blog e me encorajou muito para fazer isso. Colocou aquela sementinha na minha cabeça e eu fiquei pensando.... mas como vou fazer um blog? Não faço a menor ideia de como fazer isso.... Na mesma noite, falei com a Viviane, outra amiga que mora aqui nos EUA, também pelo Facebook. Falamos sobre blogs e ela me deu a maior força, também me encorajou dizendo que eu tinha tudo para ter um blog de sucesso. Falei ao mesmo tempo com as duas que me disseram a mesma coisa e a ideia foi crescendo na minha mente. Eu só não sabia por onde começar....

Na noite seguinte, conversei com outra amiga muito querida que também mora no Brasil, a Silvia. Ela foi o impulso final que me faltava para que eu desse o primeiro passo. Depois de falar com a Silvia, tomei coragem e fui ao Google ver como se criava um blog e fiquei muitas horas tentando descobrir sozinha como iniciar um. Depois de várias noites de trabalho e um desejo imenso de conseguir, finalmente criei o meu blog. Fiz inúmeras modificações nele até que cheguei a um layout que me agradou. Comecei então a editar as receitas que tinha no álbum do Facebook para postar. Foram muitas horas de trabalho devido à minha total falta de experiência. Os primeiros posts foram feitos no dia 28 de julho de 2012. Coloquei o blog no ar no dia 31 de julho com a benção das minhas 3 amigas queridas que tanto me ajudaram.

No entanto, me deparei com um problema... não sabia fazer nada no blog a não ser postar receitas. Foi então que surgiu outra amiga muito querida, a Helena, blogueira de moda, que me ajudou a configurar o blog, colocando o básico que eu precisava para seguir com o meu novo projeto. Feliz da vida, continuei a postar as receitas e fotos que tinha, ao mesmo tempo que fui criando mais e postando regularmente. Um mês depois, exatamente no dia 31 de agosto, criei a página no Facebook para divulgar o blog. Isso ajudou muito, aumentou o número de visitas no blog e ampliou a minha visão, pois tive que aprender a lidar com muitas coisas como, por exemplo, interagir com os leitores, postar e manter atualizados tanto o blog como a página, criar com maior frequência, apresentar novidades e melhorar a qualidade do que estava apresentando para o meu público. A curiosidade me levou a aprender e modificar inúmeras vezes o layout do blog, sempre sozinha, sempre sonhando em um dia ter um blog lindo e moderno. Ao longo do caminho, foram surgindo verdadeiros anjos em forma de pessoas que de alguma forma me ajudaram e tornaram possível fazer muitas coisas no blog que eu jamais imaginei que aprenderia a fazer. 

Para minha surpresa, o Veganana cresceu muito mais do que eu esperava, se tornou muito maior do que eu. Eu cresci também, aprendi muito nesses quase quatro anos de blog. Muitas coisas mudaram nesse tempo. Comecei com um veganismo básico sem muitas preocupações em buscar o saudável. Com o tempo, fui notando que precisava melhorar a qualidade das minhas receitas em todos os sentidos. Fui em busca de alternativas mais saudáveis. Eliminei muitos dos produtos industrializados da minha dieta e aprendi a fazer muitas coisas em casa.

O que começou timidamente, apenas como um hobby, se tornou uma paixão sem limites. Hoje, o blog  Veganana é a minha vida, e cada vez mais me dou conta da grande responsabilidade que tenho em relação aos meus leitores em relação ao conteúdo que apresento. Se muitas vezes me senti cansada e me questionei se realmente vale a pena fazer tudo isso, a dúvida desaparece ao abrir minha caixa de mensagens ou email e ler o carinho que as pessoas tem comigo e o respeito com o meu trabalho, a gratidão pelas receitas e inspiração, e o quanto Veganana ajuda no dia a dia de tanta gente na cozinha. Isso é o que me dá forças para continuar, para querer crescer e melhorar muito, porque eu tenho um grande retorno das pessoas que acompanham o meu trabalho.

É muito gratificante saber que um trabalho que faço com tanto amor e desprendimento está ajudando tantas pessoas a melhorar a qualidade de vida através de uma alimentação saudável e livre de crueldade. Todas as receitas do blog foram feitas por mim. Muitas delas são autorais, resultado de muitas tentativas até conseguir a receita ideal e poder compartilhar com as pessoas. As fotos também são de minha autoria. Algumas vezes, meu marido faz fotos especialmente quando preciso demonstrar o passo a passo de receitas e não tenho como fazer sozinha. Sempre fui muito autodidata na cozinha e tinha o hábito de fazer tudo a olho, sem seguir receitas. Depois que comecei o blog, tive que aprender a me organizar para poder compartilhar minhas descobertas com os leitores. Não sou muito de planejar o que vou fazer. Vou para a cozinha e acabo decidindo tudo de última hora. Salvo algumas exceções em que me programo para fazer determinada receita, na maioria das vezes decido na hora o que fazer e como fazer. Por esse motivo, não posso perder nenhum detalhe da receita para poder editar depois. Às vezes, gravo no celular o passo a passo que vou descrevendo à medida que preparo as receitas e depois edito. Amadureci muito, aprendi e sei que ainda tenho muito o que aprender, e isso é bom demais!

Hoje em dia, sigo uma alimentação bem mais saudável do que tinha quando me tornei vegana. Aprendi a ser auto-sustentável. Faço o pão em casa sempre sem usar gordura ou açúcar, preparo o leite vegetal em casa, assim como queijos veganos, molhos e temperos. Tenho uma hortinha orgânica onde planto o básico no verão. Aprendi que não basta ser vegano, tem que saber se alimentar com consciência e de maneira saudável. Aprendi que mesmo que os produtos orgânicos sejam mais caros do que os outros, ainda assim vale a pena investir neles, porque isso é investir na saúde. Remédios e médicos são muito mais caros do que alimentos orgânicos.

Evito o consumo de enlatados. Preparo meus alimentos em casa na medida do possível. Não tomo refrigerantes e nem sucos artificiais e evito alimentos industrializados ao máximo. Na minha opinião, todo o alimento fresco, feito em casa tem um valor nutricional imenso, além de ser muito mais delicioso. Sei que preparar as refeições em casa pode não ser possível para a maioria das pessoas em função da correria da vida moderna, muitas vezes a gente não tem tempo de se alimentar bem e acaba comendo o que dá e como dá. Essa é uma grande preocupação que eu tenho, por isso busco sempre soluções simples e rápidas para uma alimentação saudável sem gastar muito e sem precisar de habilidade ou tempo na cozinha.

Não sou uma chef, não sou uma gourmet, não sei a linguagem dos chefs e nunca fiz um curso de culinária (adoraria poder fazer). Apenas amo cozinhar e tenho o meu próprio estilo de apresentar as receitas em uma linguagem simples, de maneira que todos possam entender. Tenho o hábito de explicar tudo em pequenos detalhes e sempre que possível com fotos do passo a passo de preparo das receitas, o que é muito apreciado pelos leitores.

Hoje, o blog Veganana está prestes a dar um grande passo. As receitas do blog estão sendo traduzidas para o inglês pela querida amiga e parceira Bárbara, do blog (Barbarelismus).  Estamos trabalhando em conjunto para colocar o novo Veganana, versão em inglês no ar em seguida. Isto é necessário para que eu possa atender a demanda de leitores daqui que sempre me pedem tradução de receitas. 

Além da ajuda com as traduções, a Bárbara do blog Barbarelismus, colabora com o blog com receitas maravilhosas. Ela testa receitas veganas de sites estrangeiros, fotografa e traduz para que as mesmas sejam postadas com exclusividade no blog Veganana. As receitas que ela traz são super especiais e enriquecem muito o blog Veganana. 

Agradeço a cada um de vocês que acompanham este trabalho que eu faço com tanto amor.  Espero que eu possa contribuir cada vez mais com a minha experiência dentro do veganismo para mostrar para as pessoas que nos alimentamos muito bem, que a culinária vegana é linda, versátil, saborosa e muito nutritiva, e que podemos viver e nos alimentar bem respeitando a vida em todos os sentidos. Que o amor esteja acima de tudo nas nossas vidas! Veganos pelos animais, por nós e pelo planeta!

Lori Ellis

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